Prefeitura de SP ilumina fachada em homenagem ao dia Nacional da França
12/07/2025
(Foto: Reprodução) As cores geraram críticas nas redes sociais. Mas a administração municipal explicou que iluminação atendeu a um pedido oficial do Consulado-Geral da França, feito no dia 6 de junho, para destacar alguns pontos públicos da cidade. Fachada da Prefeitura de São Paulo em homenagem à França
Divulgação
As cores azul, branca e vermelho que iluminaram a fachada da Prefeitura de São Paulo na noite de sexta-feira (11) chamaram a atenção de quem passou pelo Centro da cidade.
Nas redes sociais, algumas pessoas associaram as cores à bandeira dos Estados Unidos devido ao tarifaço anunciado nesta semana pelo presidente Donald Trump (leia mais abaixo).
A Prefeitura de São Paulo, no entanto, explicou que a iluminação na fachada do prédio é uma homenagem ao Dia Nacional da França, celebrado no dia 14 de julho, e que atende a um pedido do consulado francês feito no dia 6 de junho, portanto, antes do anúncio das tarifas de Trump.
"A ação, que também está no Viaduto do Chá, segue até segunda-feira (14), quando será realizado um evento do consulado no Theatro Municipal. Posteriormente, também serão divulgadas fotos e curiosidades sobre a relação entre Brasil e França", afirmou a Prefeitura.
A bandeira da França, conhecida como tricolor ou bleu, blanc, rouge, em francês, tem sua origem diretamente ligada à Revolução Francesa (1789-1799) e foi criada a partir da união de símbolos da monarquia e do povo parisiense:
Azul e vermelho: representam as cores tradicionais da cidade de Paris
Branco: simboliza a realeza francesa
O ofício com a solicitação do Consulado-Geral da França em São Paulo foi assinado no dia 6 de junho pela Cônsul Geral da França Alexandra Mias.
Ofício com pedido do Consulado-Geral da França
Divulgação/TV Globo
Devido às críticas nas redes sociais, a Prefeitura de São Paulo também explicou que as fachadas de outros locais públicos da capital já foram iluminadas em diversos outros momentos em homenagem a datas especiais, campanhas de conscientização e eventos comemorativos.
Tarifa mais alta
A tarifa de 50% anunciada por Trump é a mais alta entre as novas taxas divulgadas. Na segunda-feira, o republicano enviou cartas informando aumento de tarifas a 14 países. A segunda leva de cartas foi na quarta-feira (9). Ao todo, oito países foram notificados, incluindo o Brasil.
De forma geral, Trump definiu tarifas mínimas sobre produtos importados, que variam entre 20% e 50%, a depender do país, com validade a partir de 1º de agosto.
Ao justificar a medida, Trump também afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é "injusta". Disse que barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil "causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os EUA".
Apesar do argumento, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram o contrário. O Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009 — ou seja, há 16 anos. Isso significa que o Brasil gastou mais com importações do que arrecadou com exportações.
Ao longo desse período, as vendas americanas ao Brasil superaram as importações em US$ 90,28 bilhões (equivalente a R$ 493 bilhões na cotação atual), considerando os números até junho de 2025. Leia mais aqui.
O anúncio de Trump foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que destacaram a motivação política da decisão. "Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro", disse, em entrevista à GloboNews, o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman.
"Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos", escreveu o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.
Entidades da indústria e da agropecuária brasileira também manifestaram preocupação com o anúncio e afirmaram que as taxas ameaçam empregos no setor.
Por isso, analistas afirmam que a postura de Trump com as tarifas tem um forte componente geopolítico, com o objetivo principal de ampliar seu poder de barganha e influência nas relações internacionais.
SP é estado que mais pode perder com tarifas
Cinco Estados brasileiros têm potencial para serem mais afetados caso os Estados Unidos concretizem a ameaça do presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras ao país: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
Somente esses cinco Estados responderam por mais de 70% das exportações brasileiras aos EUA nos primeiros seis meses de 2025.
São Paulo é o Estado que tem potencial para ser mais afetado pelas tarifas anunciadas por Trump — já que representa quase um terço das exportações brasileiras aos EUA.
Os Estados brasileiros que mais exportaram para os EUA, segundo dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) de janeiro a junho deste ano, foram:
São Paulo: US$ 6,4 bilhões exportados (31,9% do total brasileiro). Principais produtos: suco de frutas, aeronaves e equipamentos florestais.
Rio de Janeiro: US$ 3,2 bilhões exportados (15,9% do total brasileiro). Principais produtos: óleo bruto de petróleo, produtos semiacabados de ferro e aço e óleos combustíveis de petróleo.
Minas Gerais: US$ 2,5 bilhões exportados (12,4% do total brasileiro). Principais produtos: café não-torrado, ferro gusa e máquinas de energia elétrica.
Espírito Santo: US$ 1,6 bilhão exportados (8,1% do total brasileiro). Principais produtos: produtos semiacabados de ferro e aço, cal, cimento, materiais de construção e celulose.
Rio Grande do Sul: US$ 950,3 milhões exportados (4,7% do total brasileiro). Principais produtos: tabaco, máquinas de energia elétrica e calçados.